domingo, 31 de maio de 2015

antes do chá

Before the taking of a toast and tea.

Antes do chá com torradas.
Antes de tomar o chá e a torrada.
Antes da hora de torradas com chazinho.
Antes de tomar o chá e as torradas.
Antes de uma torrada e xícara de chá.
antes da hora de tomar chá com torrada.
Antes de tomar chá com torradas.
Antes do chá com torradas.
Antes do chá com torradas.
Antes de tomar teu café com pão.
Antes de vir o chá e seus afins.
Antes da hora do chá.

podemos ficar contentes que haja uma unanimidade em torno do momento: é antes. 
o problema para os tradutores, claro, é a rima entre for me e and tea.

Time for you and time for me,/ [...]/ [...]/ Before the taking of a toast and tea.

Tempo para ti e tempo para mim,[...]/ [...]/ Antes do chá com torradas.
Tempo para ti e tempo para mim,[...]/ [...]/ Antes de tomar o chá e a torrada.
Tempo para você, tempo pra mim,[...]/ [...]/ Antes da hora de torradas com chazinho.
Tempo para ti e tempo para mim,[...]/ [...]/ Antes de tomar o chá e as torradas.
Para ti, para mim tempo haverá[...]/ [...]/ Antes de uma torrada e xícara de chá.
tempo pra você e para mim,[...]/ [...]/ antes da hora de tomar chá com torrada.
Tempo para você e tempo para mim,[...]/ [...]/ Antes de tomar chá com torradas.
Tempo para você e para mim[...]/ [...]/ Antes do chá com torradas.
Tempo para você e tempo para mim,[...]/ [...]/ Antes do chá com torradas.
Tempo para você, tempo para mim[...]/ [...]/ Antes de tomar teu café com pão.*
Tempo para você e tempo para mim,[...]/ [...]/ Antes de vir o chá e seus afins.
Tempo para mim e para ti, terá,[...]/ [...]/ Antes da hora do chá.

é nessa perspectiva de preservação rímica que se destacam as soluções em negrito (incluída a rima imperfeita "mim/ afins").

* aqui a tentativa foi a rima com um verso anterior, terminado em "questão".

vejam-se excerto e excerto (cont.)


excerto (cont.)

o poema mais conhecido de prufrock and other observations é "the love song of j. alfred prufrock". existem diversas traduções deste poema em particular, publicadas em volume independente, em antologia ou em sites e blogues. segue-se o mesmo excerto, em outras dez traduções.


I.
E muito certamente haverá tempo
Pra que flua pela rua a parda fumaça
Esfregando o dorso pelas vidraças;
E sim, haverá tempo, haverá tempo
De preparar um rosto que outro rosto encare;
Haverá tempo para matar e criar,
Tempo de mãos, para os trabalhos e os dias,
Que erguem e lançam questões no seu prato;
Tempo para você, tempo pra mim,
E tempo ainda de mil e uma indecisões,
Também de inúmeras visões e revisões,
Antes da hora de torradas com chazinho.

(André Capilé, aqui)


II.
Mas haverá tempo suficiente
Para a névoa amarela que rasteja pela rua
Esbarrando sobre a vidraça;
Haverá tempo, haverá tempo
De preparar o rosto que enfrenta os outros rostos;
Tempo para matar e tempo para criar,
Sim, tempo para todos os trabalhos e os dias
Que erguem e despedaçam indagações sobre o teu prato;
Tempo para ti e tempo para mim,
Tempo ainda para cem indecisões
Cem visões e revisões
Antes de tomar o chá e as torradas.

(Alex Severino, aqui)


III.
E haverá tempo, na verdade,
Para a névoa amarela que nas ruas desliza
As costas a esfregar nos vidros das janelas;
Haverá tempo, haverá tempo
De a face preparar para encontrar as faces que defrontas;
Para matar, criar, haverá tempo
E para os trabalhos todos e os dias de mãos
Que erguem e instilam em teu prato uma questão;
Para ti, para mim tempo haverá
E para cem indecisões
E um cento de visões e revisões,
Antes de uma torrada e xícara de chá.

(Não consta, aqui)


IV.
e é certo, o tempo vai chegar
para o fumo espesso errante pela rua,
que esfrega as costas nas venezianas;
o tempo vai chegar e vai chegar
de preparar a cara a ver as caras conhecidas suas;
vai chegar o tempo de criar e de matar
e o tempo dos trabalhos e os dias e as mãos
que erguem e jogam a dúvida em seu prato;
tempo pra você e para mim,
e tempo pra mais cem indecisões,
e mais cem visões e revisões,
antes da hora de tomar chá com torrada.

(rodrigo t. gonçalves, aqui)


V.
   E na verdade haverá tempo
Para a fumaça amarela que desliza pela rua,
Esfregando seu dorso nas vidraças das janelas;
Haverá tempo, haverá tempo
Para preparar o rosto a fim de encontrar outros rostos;
Haverá tempo para matar e criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias de mãos
Que levantam e deixam cair uma questão em seu prato;
Tempo para você e tempo para mim,
E tempo ainda para cem indecisões,
E para cem visões, e revisões,
Antes de tomar chá com torradas.

(Domingos van Erven, aqui)


VI.
E na verdade haverá tempo
Para a fumaça amarela que desliza ao longo da rua
Esfregando o dorso nas vidraças;
Haverá tempo, haverá tempo
De preparar o rosto para encontrar os rostos que você encontra;
Haverá tempo para matar e criar
E para que os trabalhos e dias de mãos
Que levantam e deixam cair uma pergunta em teu prato;
Tempo para você e para mim
E tempo ainda para uma centena de indecisões,
E para uma centena de visões e revisões,
Antes do chá com torradas.

(Não consta, aqui)


VII.
De fato, haverá um tempo
Para a fumaça amarela que se esgueira ao longo da rua
Roçando suas costas nas vidraças;
Haverá tempo, haverá tempo
Para preparar um rosto para encontrar os rostos que encontrares;
Haverá tempo para assassinato e tempo para criação,
E tempo para todos os trabalhos e dias de mãos
Que se levantam e derrubam uma questão no seu prato;
Tempo para você e tempo para mim,
E tempo, ainda, para uma centena de indecisões,
E para uma centena de visões e revisões
Antes do chá com torradas.

(Rita Rocha, aqui)

VIII
E decerto haverá tempo
Para a fumaça amarela que se escorrega pelas ruas
Esfregando as ancas nas janelas
Haverá tempo, muito tempo
Para preparar tua cara e espremer os cravos
Existirá bastante tempo para tentar e tramar
Tempo para todos os tipos de trampo
Erguer o fardo, jogar no prato uma questão
Tempo para você, tempo para mim
E tempo ainda para umas cem digressões
Umas cem visões e revisões
Antes de tomar teu café com pão.

(Aderval Borges e Paulo Amaral, aqui)


IX
E, é verdade, haverá tempo
Para o fumo que resvala nas calçadas
Esfregando o próprio dorso nas vidraças;
Haverá tempo, haverá tempo,
Para ter uma cara pronta para acenar para as velhas caras;
Haverá tempo para assassínio e criação,
Para todos os trabalhos e os dias de mãos
Que elevam e pingam uma questão no prato;
Tempo para você e tempo para mim,
E ainda tempo para mil indecisões,
E para mil visões e revisões,
Antes de vir o chá e seus afins.

(Lawrence Flores Pereira, aqui)


X
E de fato tempo haverá
Para a pálida fumaça que flui pela estrada
Esflorando sua espádua sobre as vidraças;
Tempo terá, tempo haverá
Para compor um rosto que possa enfrentar rostos a defrontar-te;
Um tempo para destruir e obrar,
E tempo para todos os deveres, fábulas e truques
Que entornam no teu prato um pronto divagar;
Tempo para mim e para ti, terá,
E tempo ainda para uma centena de indecisões
E para uma miríade de visões e revisões
Antes da hora do chá.

(Maurício Borba Filho, aqui)


para o original e outras duas traduções, veja excerto, aqui



excerto

The Love Song of J. Alfred Prufrock

[...] And indeed there will be time
For the yellow smoke that slides along the street,
Rubbing its back upon the window panes;         
There will be time, there will be time
To prepare a face to meet the faces that you meet;
There will be time to murder and create,
And time for all the works and days of hands
That lift and drop a question on your plate;         
Time for you and time for me,
And time yet for a hundred indecisions,
And for a hundred visions and revisions,
Before the taking of a toast and tea.


I.
E na verdade tempo haverá
Para que ao longo das ruas flua a parda fumaça,
Roçando suas espáduas na vidraça;
Tempo haverá, tempo haverá
Para moldar um rosto com que enfrentar
Os rostos que encontrares;
Tempo para matar e criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias em que mãos
Sobre teu prato erguem, mas depois deixam cair uma questão;
Tempo para ti e tempo para mim,
E tempo ainda para uma centena de indecisões,
E uma centena de visões e revisões,
Antes do chá com torradas.

(Ivan Junqueira)


II.
Haverá por certo um tempo
Para o fumo amarelo que desliza pela rua
E esfrega as costas nas vidraças;
Haverá um tempo, tempo
De compor um rosto para olhares os rostos que te olharem;
Tempo de matar, tempo de criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias, de mãos
Que se erguem e te deixam cair no prato uma pergunta;
Tempo para ti e tempo para mim,
E tempo ainda para cem indecisões
E outras tantas visões e revisões
Antes de tomar o chá e a torrada.

(João Almeida Flor)


vejam-se excerto (cont.) e antes do chá


em português


tradução de ivan junqueira, 2004. disponível aqui 

tradução de joão almeida flor, 2005 (portugal)

ambas bilíngues.

a dedicatória






os poemas


CONTENTS
                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
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fonte: aqui

prufrock and other observations



tiragem: 500 exemplares