domingo, 31 de maio de 2015

excerto (cont.)

o poema mais conhecido de prufrock and other observations é "the love song of j. alfred prufrock". existem diversas traduções deste poema em particular, publicadas em volume independente, em antologia ou em sites e blogues. segue-se o mesmo excerto, em outras dez traduções.


I.
E muito certamente haverá tempo
Pra que flua pela rua a parda fumaça
Esfregando o dorso pelas vidraças;
E sim, haverá tempo, haverá tempo
De preparar um rosto que outro rosto encare;
Haverá tempo para matar e criar,
Tempo de mãos, para os trabalhos e os dias,
Que erguem e lançam questões no seu prato;
Tempo para você, tempo pra mim,
E tempo ainda de mil e uma indecisões,
Também de inúmeras visões e revisões,
Antes da hora de torradas com chazinho.

(André Capilé, aqui)


II.
Mas haverá tempo suficiente
Para a névoa amarela que rasteja pela rua
Esbarrando sobre a vidraça;
Haverá tempo, haverá tempo
De preparar o rosto que enfrenta os outros rostos;
Tempo para matar e tempo para criar,
Sim, tempo para todos os trabalhos e os dias
Que erguem e despedaçam indagações sobre o teu prato;
Tempo para ti e tempo para mim,
Tempo ainda para cem indecisões
Cem visões e revisões
Antes de tomar o chá e as torradas.

(Alex Severino, aqui)


III.
E haverá tempo, na verdade,
Para a névoa amarela que nas ruas desliza
As costas a esfregar nos vidros das janelas;
Haverá tempo, haverá tempo
De a face preparar para encontrar as faces que defrontas;
Para matar, criar, haverá tempo
E para os trabalhos todos e os dias de mãos
Que erguem e instilam em teu prato uma questão;
Para ti, para mim tempo haverá
E para cem indecisões
E um cento de visões e revisões,
Antes de uma torrada e xícara de chá.

(Não consta, aqui)


IV.
e é certo, o tempo vai chegar
para o fumo espesso errante pela rua,
que esfrega as costas nas venezianas;
o tempo vai chegar e vai chegar
de preparar a cara a ver as caras conhecidas suas;
vai chegar o tempo de criar e de matar
e o tempo dos trabalhos e os dias e as mãos
que erguem e jogam a dúvida em seu prato;
tempo pra você e para mim,
e tempo pra mais cem indecisões,
e mais cem visões e revisões,
antes da hora de tomar chá com torrada.

(rodrigo t. gonçalves, aqui)


V.
   E na verdade haverá tempo
Para a fumaça amarela que desliza pela rua,
Esfregando seu dorso nas vidraças das janelas;
Haverá tempo, haverá tempo
Para preparar o rosto a fim de encontrar outros rostos;
Haverá tempo para matar e criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias de mãos
Que levantam e deixam cair uma questão em seu prato;
Tempo para você e tempo para mim,
E tempo ainda para cem indecisões,
E para cem visões, e revisões,
Antes de tomar chá com torradas.

(Domingos van Erven, aqui)


VI.
E na verdade haverá tempo
Para a fumaça amarela que desliza ao longo da rua
Esfregando o dorso nas vidraças;
Haverá tempo, haverá tempo
De preparar o rosto para encontrar os rostos que você encontra;
Haverá tempo para matar e criar
E para que os trabalhos e dias de mãos
Que levantam e deixam cair uma pergunta em teu prato;
Tempo para você e para mim
E tempo ainda para uma centena de indecisões,
E para uma centena de visões e revisões,
Antes do chá com torradas.

(Não consta, aqui)


VII.
De fato, haverá um tempo
Para a fumaça amarela que se esgueira ao longo da rua
Roçando suas costas nas vidraças;
Haverá tempo, haverá tempo
Para preparar um rosto para encontrar os rostos que encontrares;
Haverá tempo para assassinato e tempo para criação,
E tempo para todos os trabalhos e dias de mãos
Que se levantam e derrubam uma questão no seu prato;
Tempo para você e tempo para mim,
E tempo, ainda, para uma centena de indecisões,
E para uma centena de visões e revisões
Antes do chá com torradas.

(Rita Rocha, aqui)

VIII
E decerto haverá tempo
Para a fumaça amarela que se escorrega pelas ruas
Esfregando as ancas nas janelas
Haverá tempo, muito tempo
Para preparar tua cara e espremer os cravos
Existirá bastante tempo para tentar e tramar
Tempo para todos os tipos de trampo
Erguer o fardo, jogar no prato uma questão
Tempo para você, tempo para mim
E tempo ainda para umas cem digressões
Umas cem visões e revisões
Antes de tomar teu café com pão.

(Aderval Borges e Paulo Amaral, aqui)


IX
E, é verdade, haverá tempo
Para o fumo que resvala nas calçadas
Esfregando o próprio dorso nas vidraças;
Haverá tempo, haverá tempo,
Para ter uma cara pronta para acenar para as velhas caras;
Haverá tempo para assassínio e criação,
Para todos os trabalhos e os dias de mãos
Que elevam e pingam uma questão no prato;
Tempo para você e tempo para mim,
E ainda tempo para mil indecisões,
E para mil visões e revisões,
Antes de vir o chá e seus afins.

(Lawrence Flores Pereira, aqui)


X
E de fato tempo haverá
Para a pálida fumaça que flui pela estrada
Esflorando sua espádua sobre as vidraças;
Tempo terá, tempo haverá
Para compor um rosto que possa enfrentar rostos a defrontar-te;
Um tempo para destruir e obrar,
E tempo para todos os deveres, fábulas e truques
Que entornam no teu prato um pronto divagar;
Tempo para mim e para ti, terá,
E tempo ainda para uma centena de indecisões
E para uma miríade de visões e revisões
Antes da hora do chá.

(Maurício Borba Filho, aqui)


para o original e outras duas traduções, veja excerto, aqui