segunda-feira, 1 de junho de 2015

Aunt Helen, cinco traduções

Aunt Helen

Miss Helen Slingsby was my maiden aunt,
And lived in a small house near a fashionable square
Cared for by servants to the number of four.
Now when she died there was silence in heaven
And silence at her end of the street.
The shutters were drawn and the undertaker wiped his feet—
He was aware that this sort of thing had occurred before.
The dogs were handsomely provided for,
But shortly afterwards the parrot died too.
The Dresden clock continued ticking on the mantelpiece,
And the footman sat upon the dining-table
Holding the second housemaid on his knees—
Who had always been so careful while her mistress lived.


Tia Helen

A senhorita Helen Slingsby era minha tia solteirona,
E morava numa casinha próxima a um quarteirão elegante
Sob os cuidados de quatro serviçais.
Ela acaba de morrer e houve silêncio no céu
E silêncio no seu cantinho de rua.
Cerraram as persianas e o agente funerário esfregou-lhe os pés
— Ele sabia que esse tipo de coisa já ocorrera antes.
Os cães tiveram generosamente garantida a sua subsistência,
Mas logo depois o papagaio também morreu.
O relógio de Dresden continuou seu tiquetaque sobre a lareira,
E o lacaio sentou-se à mesa de jantar,
Aconchegando nos joelhos inchados a segunda criada
— Ela, que fora sempre tão carinhosa enquanto sua patroa era viva.
(Ivan Junqueira)

Tia Helen

A srta. Helen Fidalga era minha tia,
Uma donzela que vivia numa casa simples próxima a um residencial
Aos cuidados de quatro criados.
Quando ela morreu houve silêncio no céu
E silêncio na rua em que morava.
As persianas fechadas e o coveiro que os pés limpava--
Ele sabia que coisa tal já ocorrera antes.
Os cães receberam cuidados bastantes,
Mas, pouco tempo depois, o papagaio também morreu.
Na prateleira, o tic-tac incessante de um Dresden, o relógio,
E o mordomo sentado na mesa de jantar
Com uma das criadas em seu colo--
A qual tinha sido tão atenciosa enquanto sua senhora vivera.
(Leandro Seribelli)

TIA HELEN.

A srta. elen Slingsby era minha tia solteirona
Que vivia numa casinha perto duma praça elegante
Cuidada por empregados, ao todo quatro.
Agora quando ela morreu houve silêncio no céu
E silêncio no fim de sua rua.
Abriram as cortinas e o agente funerário bateu os sapatos -
Sabia que coisa assim já tinha ocorrido.
Deram um trato nos cães para a ocasião,
Mas logo o papagaio morreria também.
O relógio Dresden ainda batia sobre a lareira,
E o lacaio se sentava na mesa de jantar
Com uma criada aí entre as pernas -
Sempre tão cuidadosa enquanto patroa era viva.
(Matheus "Mavericco")

Tia Helen

Miss Helen Slingsby era minha tia solteira,
E morava numa casota perto de uma praça elegante
Atendida por criados em número de quatro.
Quando ela morreu, fez-se silêncio no céu
E silêncio em seu final da rua.
Fecharam-se as venezianas e o agente funerário limpou os pés -
Ele sabia que esse tipo de coisa tinha acontecido antes.
Os cães ficaram generosamente providos,
Mas logo depois o papagaio também morreu.
O relógio de aparador continuou seu tique-taque em cima da lareira,
E o lacaio se sentava sobre a mesa de jantar
Mantendo a segunda criada no colo –
Que sempre tinha sido tão ciosa enquanto a patroa vivia. 
(Denise Bottmann)

uma portuguesa:

TIA HELEN

Miss Helen Slingsby era a minha tia solteira
E morava numa casita à beira de uma praça elegante
Tratada por serviçais em número de quatro.
Ora, quando morreu, fez-se no céu um silêncio
E silêncio ao fundo da rua que era dela.
Correram as persianas, limpou os sapatos o cangalheiro –
Consciente de que tais coisas haviam já acontecido.
Na ração dada aos cães, foram generosos
Mas até o papagaio morreu em poucos dias.
Na prateleira do fogão, seguia o tiquetaque do relógio de Dresden,
E em cima da mesa de jantar sentava-se o lacaio
E apertava, nos joelhos, a criada de fora –
Sempre tão discreta, em vida da patroa.
(João Almeida Flor)