I observe: "Our sentimental friend the moon
Or possibly (fantastic, I confess)
It may be Prester John's balloon
Or an old battered lantern hung aloft
To light poor travellers to their distress."
She then: "How you digress!"
And I then: "Some one frames upon the keys
That exquisite nocturne, with which we explain
The night and moonshine; music which we seize
To body forth our own vacuity."
She then: "Does this refer to me?"
"Oh no, it is I who am inane."
"You, madam, are the eternal humorist
The eternal enemy of the absolute,
Giving our vagrant moods the slightest twist
With your air indifferent and imperious
At a stroke our mad poetics to confute—"
And—"Are we then so serious?"
Conversa Galante
Observo: “Nossa sentimental amiga, a Lua!
Ou talvez (é fantástico, admito)
Seja o balão do Preste João que agora fito
Ou uma velha e baça lanterna suspensa no ar
Alumiando pobres viajantes rumo a seu pesar.”
E ela: “Como divagais!”
Eu, então: “Alguém modula no teclado
Esse noturno raro, com que explicamos
A noite e o luar; partitura que roubamos
Para dar forma ao nosso nada.”
E ela: “Me dirá isso respeito?”
“Oh, não! Eu é que de vazios sou apenas feito.”
“Vós, senhora, sois a perene ironia,
A eterna inimiga do absoluto,
A que mais de leve torce nossa tristeza erradia!
Com vosso ar indiferente e resoluto,
De um golpe cortais à nossa louca poética os seus mistérios...”
E ela: “Seremos afinal assim tão sérios?”
(Ivan Junqueira)
Conversa galante
Ou talvez (é fantástico, confesso)
Seja o balão de Preste João
Ou uma velha e surrada lanterna suspensa no alto
Para alumiar os pobres viajantes, para aflição deles."
E ela: "Como devaneiais!"
Eu, então: "Alguém engendra no teclado
esse noturno raro, com o qual deciframos
A noite e o luar; a música a que nos agarramos
para informar a nossa vacuidade."
Ela: "Isso diz respeito a mim?"
"Oh, não! Eu é que sou sem conteúdo."
"Vós, madame, sois o eterno humorista.
o eterno inimigo do absoluto,
Torcendo, com um piparote, o rumo de nossos estados erráticos
Para, de um golpe, o ar indiferente e imperioso,
Refutar nossas lunáticas artes poéticas..."
E ela: "Então, somos assim tão sérios?"
(Oswaldino Marques)
CONVERSA GALANTE.
Observo: "Nossa amiga sentimental,
A lua! Ou (bem, seria muito estranho)
O balão do Preste João, que tal?,
Ou uma lâmpada antiquada céu acima
A iluminar, coitados!, os que vão."
E ela: "Mas que digressão!"
E eu: "Alguém toca nesse teclado a noite
Estranha, pela qual nós explicamos
A lua e o luar; música que, no afoite,
Usamos pra entender nosso vazio."
E ela: "Ah, uma indireta?"
"Nada... Eu é que sou um frívolo."
"Madame, tu és sempre a humorista,
Sempre a inimiga do absoluto, dando
À nossa vadiagem a torção mínima!
Com seu auxílio apático e imperativo
Nossa louca poesia contestando-"
"-Somos mesmo tão pensativos?"
(Matheus "Mavericco")
Conversation galante
Observo: “A lua, amiga de nosso coração,
Ou talvez (fantasioso, ressalto)
Possa ser o balão do Preste João
Ou uma velha lanterna pendurada no alto
Iluminando o viandante rumo a duras plagas”.
Ela, então: “Como divagas!”
E eu, então: “Alguém desenrola ao teclado
Aquele belo noturno que nos traz em seu centro
A noite e o luar, música num arranjo adequado
Para moldarmos nosso vazio por suas escalas.”
Ela, então: “É a respeito de mim que falas?”
“Oh, não, eu é que sou oco por dentro.”
“Tu, minha cara, és a eterna comediante
A eterna inimiga das esferas absolutas,
Que levíssima distorces nosso humor oscilante
Com teu ar indiferente e imperioso
E num piparote nossa louca poética refutas –“
E – “então somos algo assim grandioso?”
(Denise Bottmann)
Une conversation galante, Pater
(eu notaria apenas que, como tanto sói acontecer na poesia de eliot, trata-se de uma invocação paródica da tradição sete e oitocentista das chamadas conversations galantes, como já indica o próprio título em francês do poema e bem aponta lothar hönnighausen, aqui)